"QUANDO O MUNDO SE TORNAR CONFUSO, ME CONCENTRAREI EM FOTOGRAFIAS, QUANDO AS IMAGENS SE TORNAREM INADEQUADAS, ME CONTENTAREI COM O SILÊNCIO." [Ansel Adams / 1902-1984]

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19 janeiro 2011

A VELHICE

Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir (1908 - 1986): escritora, filósofa existencialista e feminista francesa. Escreveu romances, monografias sobre filosofia, política, sociedade, ensaios, biografias e uma autobiografia.

Esta inteligente “dama francesa” conheci lá pelo meio da década de 70, via livros, quando revolucionava o mundo das ideias/pensamentos juntamente com seu companheiro SARTRE e seu “existencialismo”. Tirante o lado feminista desta senhora e o lado político-ideológico de ambos, “curti” muitas de suas obras literárias. Esta aqui abordada, A VELHICE, de 1970, é muito boa/lúcida – “recomendo a leitura e refletir”! Mesmo com todo o evoluir de legislações protetivas ao idoso, decorridos 30 anos deste seu escrever, ainda bem atual o por ela exposto.
Com este livro, Simone abriu nova brecha nas leis, usos e hábitos das sociedades ocidentais em favor de uma nova defesa da liberdade: "É preciso que todos os homens permaneçam seres humanos durante todo o tempo em que estiverem vivos."
Normalmente, evitamos falar da velhice não somente por causa da sua imagem ou do seu cheiro (há, inconfundivelmente, um cheiro que caracteriza a velhice e um cheiro que caracteriza a juventude), mas também porque a seu lado a morte nos sorri, mostrando que no combate que desde sempre travamos, ela triunfa. 

Como dizia Beauvoir, a América riscou do seu vocabulário a palavra ‘morte’, aí, a gente fala de um ente querido; do mesmo modo, é escusado dizer que ela fechou a página correspondente à velhice. Em França, o procedimento não é diferente, esta palavra é interdita. Aliás, pode-se dizer que por todos os lugares do Ocidente ela é silenciada.

Simone de Beauvoir em seu livro clássico sobre a velhice mostra, entre outras coisas, que o inconsciente não tem idade e que temos forte tendência a nos comportar, na velhice, como se jamais fôssemos velhos: aos 60 anos, raros são os que se consideram nessa condição e mesmo depois dos 80 anos há muitos que acreditam ser de meia-idade e uns tantos que continuam a se achar jovens.

"O indivíduo idoso sente-se velho através do outro, sem ter experimentado sérias mutações; interiormente não adere à etiqueta que se cola à ele: não sabe mais quem é".

Segundo ela, a sociedade de consumo trata os idosos como párias, condenando-os à miséria, à solidão e ao desespero. "Antes de tudo, exige-se deles a serenidade; afirma-se que possuem essa serenidade, o que autoriza o desinteresse por sua infelicidade", escreve Simone na introdução de seu ensaio. Assim como a feminilidade é socialmente construída, Beauvoir afirma que a velhice é acima de tudo um fator cultural.
Neste livro escreve ainda que o idoso é uma espécie de objeto incômodo, inútil, e quase tudo que se deseja é poder tratá-lo como quantia desprezível.

BELA LEI BRASILEIRA DE DIREITOS DOS IDOSOS, “NO PAPEL”:
“A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida.” (Lei n.º 8.842/1994 – Política Nacional do Idoso).
Editora Nova Fronteira

5 comentários:

Lúcia Helena Caetano disse...

Além da inteligência...a beleza é algo nesse rosto! Linda!

Ciro disse...

A foto da esquerda, dela mais jovem é do "Mestre" Cartier Bresson. Então aí tem "algo mais" nesta bela captura fotográfica.

san disse...

Mestre Cartier Bresson já faz de qqr coisa uma buniteza, imagina quando fotografa uma...

Isto é um retrato, hein?
Adorei o post, Cirito.
bj
San

san disse...

Tá, fazia, mas vá lá, ele é imortal.

Ciro disse...

É, Sandrita, este realmente imortal em suas obras!
Bj

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