"QUANDO O MUNDO SE TORNAR CONFUSO, ME CONCENTRAREI EM FOTOGRAFIAS, QUANDO AS IMAGENS SE TORNAREM INADEQUADAS, ME CONTENTAREI COM O SILÊNCIO." [Ansel Adams / 1902-1984]

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08 fevereiro 2012

UM SÉCULO INJUSTIÇADO


UM SÉCULO INJUSTIÇADO
David Coimbra
[Jornalista - editor executivo de Esportes e colunista de Zero Hora, comentarista da TVCOM, Rádio Gaúcha e Atlântida. Autor de vários livros]

Faça uma experiência antropológica. Perca um pouco do seu tempo e “navegue”pela internet. Assista ao que é mais assistido e leia o que é mais comentado nas chamadas "redes sociais”. Você ingressará em um mundo sombrio, uma espécie de pré-humanidade, onde não interessa o conteúdo, onde não existe reflexão, o que importa é a sensação. O que vinga é a velocidade e a superficialidade. O que faz sucesso faz sucesso apenas porque faz sucesso.


Pergunta: por que milhões de pessoas acessaram o tal vídeo da "Luíza está no Canadá”?


Resposta: porque milhões de pessoas acessaram o tal vídeo da "Luíza está no Canadá”.


As pessoas se ofendem por causa de times de futebol, descobrem conspirações políticas embaixo de cada acento circunflexo e tecem interpretações de texto que independem do que está escrito. É como se o homem tivesse descido um degrau da escada evolutiva, como se tivesse sido rebaixado de nível. Você se perguntará o que está acontecendo com as pessoas, jogará suas mãos para o céu e bradará:


– Senhor! Em que valhacouto de semianalfabetos se transformou o século 21?


Mas você estará errado. Estará cometendo uma injustiça com o século 21. O século 21 não trouxe mudança alguma. Por um motivo rasteiro:


Porque as pessoas sempre foram assim. Eis uma das obras mais admiráveis da internet: a exposição do lado obscuro do homem comum. Com a internet, as pessoas estão desprotegidas de suas próprias opiniões. Elas tornam público o que pensam sem nenhum filtro, muito menos o da própria reflexão. Antes do advento da internet, não eram muitos os indivíduos vitimados por suas opiniões. Expunham-se alguns jornalistas, alguns artistas e algumas "autoridades”. Só esses propalavam bobagens em público. O mundo parecia mais sensato. Não pela qualidade; pela quantidade.


Mas a tecnologia das comunicações foi se sofisticando. No fim do século 20, com a facilidade da interatividade, leitores não apenas liam, escreviam; ouvintes não se contentavam em ouvir, queriam falar; telespectadores não se limitavam a assistir, faziam tudo para aparecer. E, por fim, a internet surgiu e, numa ânsia de se expressar, todos passaram a falar, a escrever, a dançar, a cantar, a declamar, a discursar, a representar e a propagar suas ideias. Todos têm ideias, uma tragédia. Assim, o mundo do século 21 parece ter se transformado num lugar infestado de idiotas. Ilusão. A diferença é que antes as pessoas estavam protegidas pelo silêncio.


E esse é o grande ensinamento a se tirar disso tudo: o silêncio é uma bênção. O silêncio protege. Portanto, não repita bordões da internet, não tente ser sábio em 140 toques, não publique intimidades no Facebook. Fique quieto. Você parecerá mais inteligente.
 * Texto publicado no jornal Zero Hora de 03/02/2012

NIETZSCHE E A CULTURA


Cultura é um fenômeno eterno: a vontade ávida sempre encontra um meio, graças a uma ilusão espraiada sobre as coisas, para manter suas criaturas na vida e forçá-las a continuar a viver.

Este é acorrentado pelo prazer socrático do conhecimento e pela ilusão de poder curar, com ele, a eterna ferida da existência; aquele é enredado pelo véu sedutor da arte que paira sedutor diante dos seus olhos; aquele outro, por sua vez, pela consolação metafísica de que sob o torvelinho dos fenômenos a vida continua a fluir, indestrutível: para não falar das ilusões mais comuns, e quase que ainda mais fortes que a vontade tem à sua disposição em cada instante.

Aqueles três níveis de ilusão destinam-se apenas às naturezas mais nobremente dotadas, que sentem, em geral, a carga e o peso da existência com um desgosto mais profundo e que precisam ser iludidas com estimulantes seletos para superar esse desgosto. Desses estimulantes é constituído tudo aquilo que denominamos cultura (Kultur).


Friedrich Wilhelm Nietzsche, in 'O Nascimento da Tragédia'

TODOS "SE ACHANDO FOTÓGRAFOS"


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